
Meus queridos primos e primas.
Fez ontem 1 mês que a Pia … vocês sabem.
Não tem sido fácil para nós, para a minha Mãe sobretudo, mas a vida continua.
A Pia era uma constante nas nossas vidas. Era a companhia da Mãe. Era lá de casa. Estava lá sempre. Nós contávamos com isso.
Querida de muitos amigos, primos e tios, talvez por ser também uma excelente Benfiquista, sabia sempre a que horas eram os jogos e quem iria jogar ou não. Todos nós irmãos, amigos e primos, tínhamos uma relação muito boa com ela. Não era difícil. A minha, não era mais nem menos ou melhor ou pior, mas apenas diferente. Não conversávamos mais do que o necessário, mas faziamo-lo sempre que necessário. Falávamos mais por caras, gestos e sons, por exemplo, no futebol, aquela cara do “vamos embora que a coisa não está a correr bem” ou “a cara do “isto vai ficar complicado”, sem contar claro, com as caras que fazíamos com os passes falhados do Luisão, ou com os remates tortos do N Gomes. Parece que só digo coisas boas dela, mas tinha uma coisa má: não era tão fanática como eu, mas uma verdadeira benfiquista. O seu último pedido foi, cerca da meia noite, ao António para pôr a televisão no Canal do Benfica. Percebe-se. Toda a noite no canal Mezzo!!!!
Muito calma e serena nas suas opiniões, era sempre a última a falar. Tinha uma forma cativante de ser para com todos os sobrinhos. Gostava muito de estar e falar com todos. Penso que, principalmente os sobrinhos de Vila Nova serão os que ela mais lidava e delirava, e claro, a família Ferreira, Rosário, Mafalda, Jonny e Teresa (etc, porque são muitos), a sua segunda família.
O dia 9 de Outubro ficará para sempre na nossa memória, na minha de certeza, pois foi um dia que, em particular, me marcou bastante. Não só pelo que significa a ausência da Pia nas nossas vidas mas também pelo acompanhamento que tivemos nessas 12 horas. “A nossa família é muito boazinha”, como dizia a minha filha Dita. Os poucos que sabiam o que se passava, imagine-se, fizeram uma directa conosco. E foi tão bom. Foi tão importante e tão …família. Não tenho palavras para descrever o que significou para nós a presença dos nossos primos, Zé Tomaz (que não me deixava fumar sozinho) Zé Frederico, Luisa, Pipas, Leonor, Sofia, Diana, Mana e João, Guida e António, entre outros (peço desculpa se faltei com alguém e à Marta por lhe termos “fechado” a porta) e claro, a Tia Conceição, a quem “arrancaram” da cama. Extraordinário. Dizer obrigado soa a muito pouco e parece que “não se usa” nesta família para estas coisas, porque … é normal. Imagine-se.
As mensagens que recebi foram demais. Como é que eu não havia de estar quase sempre com um sorriso na cara quando falava a um dos meus primos ou primas? Ou ainda aos seus filhos? Só podia. É tão bom sentir aquilo. Aquela Amizade. Aquela Família.
Mas a presença da família foi uma constante nestes 8 meses … e todo o pessoal do HCV estavam estupefactos com a presença constante da família junto da Pia. Nunca viram nada assim. Eu próprio devo dizer, que também não.
Foi isto o que a Pia fez, juntou a família à sua volta. Perguntava sempre pelos sobrinhos a todos nós. Continuava a querer saber as novidades das aulas, das nossas vidas, do Benfica, claro, e vivia a pensar no próximo programa de fim de semana, cheia de dores e por vezes enjoada e/ou com falta de ar, mas sem nunca se queixar seja a quem for.
Era isto que estava entalado na minha boca que gostaria que fosse dito, naquelas missas chatas que tivemos, onde a única coisa boa foi a presença de toda a família e amigos bem como, claro, o Tomaz e o seu coro que estiveram extraordinários.
Adeus Pia e até sempre.
Pedro Cabral da Camara